Serelepe
- por Blenda Trindade (NT/SJ)
- Meia Máscara
- Técnica - Escultura em argila e papietagem.
- Materiais: papel, cola, tinta PVA e urucum.
Nas entranhas do sertão catarinense, onde o sol encontra abrigo entre as copas das araucárias, bem respeitoso das prosas e do tempo, surge a figura do Serelepe. Uma meia-máscara que carrega consigo os traços caboclos desse lugar, entrelaçados com a essência da natureza que o rodeia.
Seu rosto, magro e esguio, tem beleza na simplicidade, marcado pelo veio vermelho da araucária, símbolo de resistência e pertencimento. As bochechas guardam o tesouro das sementes de pinhão que semeadas por aí, carregam histórias chapeadas em fogão a lenha e saboreadas em roda. Os olhos caídos, apequenados de quem tem a luta como companheira. Se esse rosto que a veste sorri, também sorriem seus olhos.
Serelepe, aquele que é vivo, esperto, que tem coragem. Devoto, encontra na partilha e na solidariedade a verdadeira essência da vida. Conhece a beleza das miudezas da vida e espalha sementes de generosidade por onde passa. O que é seu, é do outro.
“quem tem, mói; quem não tem, mói também, e no final, todos ficarão iguais”
Essa máscara é uma homenagem ao povo que acolhe dizendo “seje bem chegado” e cultiva os afetos de um tanto que quem se achega não quer mais ir embora.