Coza Quirida

  • por Blenda Trindade (NT/SJ)

  • Meia Máscara.
  • Técnica: Escultura em argila e papietagem.
  • Papel, cola, tinta PVA e pêlo.

É da ilha da magia, dos encantos, dos mistérios. Onde o vento sussurra segredos e as ondas contam histórias, não tem? Ali nasceu o fruto de José, gentio da Angola, e Thereza, Carijó da Terra, casamento que se deu na Igreja de Nossa Senhora do Desterro em 1730, lá na praça XV, sabes?

Dizem que quando nasceu, era uma gritaria de bugio preto que se ouvia e por isso que essa cara se mistura, mostrando a ligerêza e brabeza do mané da ilha. Um olhar desconfiado, carcado de marcas do sol e da maresia, conta histórias de quem conhece os segredos das águas e das matas. Seja pela tarrafa, enxada, bilro ou ancinho, tu sabe dizê que é guardião dos mistérios do desterro, sussurrando histórias apenas conhecidas por quem sabe dizer quando o vento é sul.

Vô ti contá… Se tu visse… entre o clarão que gruda o mar e o céu, aquela cara vinha, meio Zé, meio Zeca, meio Zenaide… tu nem acreditava! Meia máscara, rapazi. Só é completada por quem veste! Êh, éh, êh!

É pescador, benzedeira, rendeira e coisarada tomém. Manifesta em cada gesto a sabedoria enraizada nas tradições que permeiam a vida na costa catarinense. Já dizia os ensinamentos: atrás da porta de casa se deixa tesoura aberta para espantar bruxa. Na ilha tem bruxa? Táx tolo?!