Compadre

  • por Manon Alves (CCO)

  • Máscara Inteira.
  • Técnica: Escultura em argila e papietagem.
  • Papel, cola, tinta PVA e terra.

Tá ouvindo o som do violão? Esse dedilhado vai lhe acompanhar nas próximas linhas. O dia mal raiou, ele já acendeu o fogão a lenha, botou o chapéu, pegou a enxada e se foi pra roça. No mesmo compasso dos passos sobre as folhas secas, os sons dos pássaros acompanham e compõem o cenário dos causos que ele sempre gosta de contar:

Vamo falá dos antigamente, quando os porco eram criados solto, os nossos pais marcavam a orelha direita e a vizinha marcava a orelha esquerda. Ninguém pegava e não tinha confusão. E tinha as festa do Divino, um dava um porco, outro galinha e até um boizinho. Os folião iam de casa em casa, depois do domingo de páscoa a bandeira começava a caminhar. Um dia posava numa casa, depois saia caminhando, todo mundo acompanhando, tinha tambor, cantoria, era bonito. Ah, e não esquece que folha é remédio, mas antes de pegá pede pra árvore. O vô carregou a mala do São João Maria e conta, que as cinza do foguinho feito pra ele era remédio pra qualquer coisa. Ele era santo, viva o monge!!

O caboclo é gente de muitos matizes e de vida coletiva. O Compadre pede a benção, foi batizado em casa, é devoto de São João Maria, faz roda de chimarrão, canta e conta causo, se espicha todo pra um puxirão solidário, se assusta com as visagens e não quer acumular, faz pra viver. Seu tempo é hoje!